Durante anos me questionei porque a sociedade omitia o racismo e simplesmente vivia como se ele não existisse. O fato é que…durante a quarentena, essas questões ficaram em evidência com os acontecimentos nos EUA, onde George Floyd foi morto brutalmente por policiais americanos, o menino Miguel Otávio aqui no Brasil, que caiu de um prédio em Recife ao estar sob os cuidados da “patroa” de sua mãe e, João Pedro, assassinado por policiais no RJ.
A pesquisa sobre o racismo alcançou o nível mais elevado que o registrado em 2006. Além do racismo estrutural, muitas pessoas têm se interessado por livros que abordam esse tema e que possam ser formadores de opinião.
Com base nesses dados e, pensando como mãe de uma criança preta, quero listar para vocês obras importantes que me ajudaram a compreender as questões raciais no nosso país e no mundo.

O sol é para todos (Harper Lee)
“Um romance emblemático e atemporal sobre racismo e injustiça, O sol é para todos conta a história de um advogado que se arrisca para defender um homem negro acusado de estupro no sul dos Estados Unidos durante a década de 1930. Narrado pela perspectiva inocente da jovem Scout, filha do advogado, o livro tornou-se um dos maiores clássicos da literatura mundial. Traduzido para mais de quarenta idiomas, recebeu o Prêmio Pulitzer de ficção em 1961 e conta com uma adaptação cinematográfica, que rendeu um Oscar de Melhor Ator a Gregory Peck em 1963″.


O ódio que você semeia (Angie Thomas)
“Inspirado pelo movimento Black Lives Matter, o livro de estreia da autora figurou na lista de mais vendidos do New York Times. Starr Carter, aos 16 anos, vive entre dois mundos: o bairro periférico e negro onde mora e a escola sofisticada e branca onde estuda. As duas realidades, porém, colapsam quando Starr vê seu amigo de infância ser assassinado por um policial. A única pessoa presente na cena do crime, ela é forçada a testemunhar no tribunal – e está disposta a dizer a verdade”.


12 anos de escravidão (Solomon Northup)
“Considerada a melhor narrativa já escrita sobre um dos períodos mais nebulosos da história americana, Doze anos de escravidão narra a história real de Solomon Northup, um negro livre que, atraído por uma proposta de emprego, abandona a segurança do Norte e acaba sendo sequestrado e vendido como escravo. Depois de liberto, Northup publicou o relato contundente de sua história, que se tornou um best-seller imediato. Hoje, 160 anos após a primeira edição, Doze anos de escravidão é reconhecido como uma narrativa de qualidades excepcionais. Para a crítica, o caráter especial do livro deve-se ao fato de o autor ter sido um homem culto que viveu duas vidas opostas, primeiro como cidadão livre e depois como escravo”. É possível encontrar o filme baseado no livro.


O genocídio do negro brasileiro (Abdias Nascimento)
“Ao longo do século passado, prevaleceu a visão de que os descendentes dos africanos se encontravam, no Brasil, numa condição muito mais favorável do que a vivida pelos negros no sul dos Estados Unidos ou na África do Sul do apartheid. Mais do que estabelecida, essa era uma visão racial: o Brasil seria uma “democracia racial”, um lugar em que o grande problema do negro era a pobreza e não o preconceito de cor. Foi contra essa falácia que Abdias Nascimento se insurgiu ao apresentar, no Segundo Festival de Artes e Culturas Negras, em Lagos (Nigéria, 1977), em plena vigência da ditadura militar, um texto combativo, a começar pelo título, demonstrando que a condição dos negros no Brasil não era realmente como aquela nos EUA ou na África, era pior, vítimas que são de um racismo insidioso, de uma política que conduz a um “genocídio”, para usar o termo do autor, que, ausente das leis e dos discursos políticos, se revela cotidianamente. Assim, a reedição de O Genocídio do Negro Brasileiropela editora Perspectiva não é apenas uma homenagem histórica, mas a constatação de um fato: a despeito do trabalho dos ativistas e da mudança de mentalidade na academia, a situação continua inalterada. Segundo a ONU, atualmente no Brasil ocorre, a cada 23 minutos, a morte de um jovem negro. Em geral, do sexo masculino; em geral, pela ação, ou omissão, do Estado, da polícia – a instituição de escolha para se lidar com qualquer “questão social” no país. É preciso dizer mais?”


Entre o mundo e eu (Ta-Nehisi Coates)
“Uma corajosa investigação da história da segregação racial e seus ecos contemporâneos. Ta-Nehisi Coates é um jornalista americano que trabalha com a questão racial em seu país desde que escolheu sua profissão. Filho de militantes do movimento negro, Coates sempre se questionou sobre o lugar que é relegado ao negro na sociedade. Em 2014, quando o racismo voltou a ser debatido com força nos Estados Unidos, Coates escreveu uma carta ao filho adolescente e compartilha, por meio de uma série de experiências reveladoras, seu despertar para a verdade em relação a seu lugar no mundo e uma série de questionamentos sobre o que é ser negro na América. O que é habitar um corpo negro e encontrar uma maneira de viver dentro dele? Como podemos avaliar de forma honesta a história e, ao mesmo tempo, nos libertar do fardo que ela representa? Em um trabalho profundo que articula grandes questões da história com as preocupações mais íntimas de um pai por um filho, Entre o mundo e eu apresenta uma nova e poderosa forma de compreender o racismo. Um livro universal sobre como a mácula da escravidão ainda está presente nas sociedades em diferentes roupagens e modos de segregação.”


Olhos d’água (Conceição Evaristo)
“Por meio de contos, a autora traz para a discussão a pobreza e a violência urbana que atingem a população negra no Brasil. As mulheres, mães, avós e filhas, são apresentadas na obra com todas suas experiências”.


Um defeito de cor (Ana Maria Gonçalves)
“Por meio da personagem Kehinde, uma mulher africana, idosa, cega e à beira da morte que viaja para o Brasil em busca de seu filho perdido há anos, a obra retrata a formação do povo brasileiro. Os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens. É uma recriação ficcional da história de Luísa Mahin, que articulou e participou da Revolta dos Malês (1835), na Bahia, e era mãe do poeta e advogado Luís Gama”.
Bem…agora que você já sabe que existem livros que podem te ajudar a se inteirar, atualizar e entender como racismo funciona na sociedade, você já pode correr para livrarias, sebos ou pedir emprestado para os amigos. Fazemos parte de uma sociedade injusta e precisamos lutar contra isso.
Abraços!
Luciana
Leave a reply