Aiiii gente! Vou contar um pouquinho sobre minha segunda vez em Moçambique, minhas emoções, a entrada com o processo de adoção e a despedida mais difícil da minha vida
Depois que voltei de MOZ (vou usar MOZ como abreviação de Moçambique), começamos (eu e Vitor) a tratar dos documentos para entrar com processo de adoção da Olga. De Novembro de 2018 até Março de 2019 providenciamos atestados de saúde mental, comprovantes de rendas, atestado de antecedentes criminais e diversos outros documentos que pudessem provar minha idoneidade junto à justiça moçambicana. Até então, eu não tinha advogados porque não sabia como proceder, e não encontrei nada em minhas pesquisas que pudesse me orientar (por isso estou escrevendo esta matéria, para auxiliar pessoas que também buscam por esse tipo de informação). Nessa época, eu ainda pensava em entrar com pedido de tutela escolar, o que é mais comum nos casos de adoção em MOZ.
Foi então que, conheci um amigo moçambicano que vivia no Brasil, o Don. Ele me indicou uma advogada muito honesta e competente em MOZ que me orientou sobre o processo de adoção e assim ela escreveu a petição inicial julgando ser possível uma adoção definitiva e mudança e país.
Em Abril de 2019 desembarquei no continente de minha alma para reencontrar minha filha e iniciarmos o processo. Algo muito incerto, escuro e sem informações de quanto tempo todo esse processo levaria, mas eu sabia…que o final, seria feliz! Porque Deus, esteve o TEMPO TODO conosco!!!
O tribunal competente foi aquele localizado na cidade de nascimento da Olga, em Meconta, um distrito a 100km de Nampula onde também a conheci.
No tempo em que passei em Nampula me hospedei na casa da Mamá Madalena e Papá Alberto, nos tornamos próximos e aprendi muito com eles. Mamá é uma mulher incrível, rica de cultura, mãe de todos os voluntários que chegam até Nampula através da ONG para qual trabalham. Papá Alberto é um homem honesto, correto, protetor da família e muito inteligente. Juntos, eles criaram filhos honestos e debom coração. Dentre esses filhos tão especiais quanto os pais Mana Natanha foi a que mais se aproximou de mim e viveu todo o processo ao meu lado. Na época, Mana Nha, como é chamada, tinha seus 17 anos e sempre foi o meu amparo nos momentos difíceis. Nha, como eu te amo!
Essa família nos recebeu de braços abertos e cuidou da Olga na minha ausência.
Não sei já contei aqui, mas antes de morar com a família da Mamá Madalena, Olga vivia com sua bisavó, Ana Barreto, quem lhe deu muitos ensinamentos valiosos. Uma senhora de 65 anos, que apesar de toda dificuldade, cuidava de sua bisneta como filha e lutava para educá-la e fazer o melhor para Olga. Nossa saudade diária é da nossa Mamá Ana.
Enfim…continuando…

Primeiro dia do reencontro. Cinco meses longe dela.


Primeiro dia do reencontro. Cinco meses longe dela.
Chegando em Moçambique, foi dada a largada nos trâmites judiciais e eu teria apenas 30 dias para acompanhar, pois precisava retornar para o Brasil…para meu trabalho, sendo mais específica.
Após duas audiências, e uma ansiedade incontrolável, o pedido de adoção plena foi encaminhado para o setor da ação social, etapa mais demorada e a mais importante do processo.
Enquanto aguardávamos o trabalho da ação social e uma audiência, permanecemos na casa da Mamá Madalena. Apesar de toda ansiedade, conseguimos ter momentos maravilhosos lá, comemoramos o aniversário de 5 anos de Olga, fomos até Chocas, litoral banhado pelo oceano índico. Foi a primeira vez da Olga no mar S2.
Em Chocas, nos hospedamos na casa de nossa amiga missionária, Angela, que eu havia conhecido em 2018, na minha primeira vez em Moçambique, ainda como voluntária numa expedição. A chegada até lá foi um desafio, a distância de aproxim. 200km e, o que levaria 3 horas de carro, acabou se transformado em uma viagem de 6 horas na famosa chapa moçambicana (uma espécie de van) e no pau de arara.


Aniversário de 5 anos


Aniversário de 5 anos


Aniversário de 5 anos


Família paterna e materna no aniversário de 5 anos


Primeira vez de Olga na praia. Chocas


Primeira vez de Olga na praia. Chocas


Mana Nha, Olga, a missionária/amiga Angela e eu


Nós duas na praia de Chocas


Transporte para Chocas


Transporte para Chocas


Transporte para Chocas
Já ia me esquecendo de contar que durante esse tempo Olga iniciou seus estudos em uma escola supervisionada por um pastor brasileiro, o Grande Pastor Davi!


Olga indo para a escola


Olga indo para a escola
Nessa época, nosso segundo desafio era: nos entendermos. Olga não falava português e eu não entendia nada de Macua (dialeto falado por ela). Era bem engraçado…
Os dias foram passando…dias inteiros em casa aguardando uma intimação…e nada.
Fiquei doente…e até hoje não sabemos as causas…mas fiquei bem doente. Imagino que tenha sido o estresse.
Depois de 30 dias em Moçambique, não fui intimada pela ação social para uma audiência e, a despedida mais difícil aconteceu. Tive que retornar ao Brasil mais uma vez e deixar Olga em MOZ, aos cuidados de Mamá Madalena e sua família. Eu sabia que ela seria muito bem cuidada, assim como era bem cuidada pela Mamá Ana. Mas…não seria comigo, eu já estava morrendo de saudade.
Quando abracei Olga, ela estava febril, porque havia tomado a primeira dose do vermífugo e a reação havia sido forte. Olga tinha uma barriga muito grande causada por vermes, assim como a maioria das crianças que vivem nas mesmas condições em que ela vivia.
Mas o olhar abatido já dizia tudo. Aquela criança, que criou expectativas de vida, de dias melhores, estava sendo “deixada” pela mãe que prometeu levá-la ao Brasil. E eu, regressava com a sensação de fracasso por não ter concluído a adoção. Talvez eu não consiga expressar em palavras o que eu senti nesse dia… mas espero nunca mais… sentir tamanha impotência. A esperança de uma criança é o sentimento mais puro que existe, quando percebi que habitava nela a sensação de abandono, eu prometi que na próxima vez que eu voltasse em MOZ, só sairia de lá, com os papéis da adoção e minha filha ao meu lado.
E assim nos despedimos…e nos separamos por três meses e meio…para nunca mais.


Nossa despedida


Nossa despedida
CONTINUA…


Luciana de Paiva é formada em Engenharia Ambiental, Engenharia de Segurança do Trabalho, Especialista em Gestão da Qualidade. Apaixonada por ações sociais e empreendedorismo. Se tornou empresária em 2020 e logo iniciou os estudos na área.
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