Esse capítulo não começa com alegria…afinal quão evoluídos seríamos se, até nas batalhas mais sombrias estivéssemos cercados APENAS de sentimentos bons? Medo, tristeza, hostilidade, frustração, raiva, se fizeram presentes em minha vida em 2019. Foram diversas mudanças profissionais e pessoais em meio a um processo de adoção.
“Emoções surgem de experiências e viver por si só já é uma experiência. Nós enfrentamos momentos felizes, momentos tristes, momentos inusitados e tudo isso promove algo dentro da gente. Assim sendo, as situações da vida exigem de nós uma resposta: nossos sentimentos” (Psicanálise Clínica).
Por isso, eu percebi que não poderia passar por tudo isso, sem uma terapia. E assim, o fiz (mas falhei em fazer apenas durante o processo e não continuado).
No meu último relato sobre minha 2ª vez em Moçambique, não me lembro se contei que retornei ao Brasil no dia 1º Maio de 2019, após a entrada com pedido de adoção. Mas permaneci aqui nos meses de Maio, Junho e Julho.
Em Agosto, ENFIMMM, fui intimada a retornar a Moçambique para concluir o processo de adoção e, logicamente, correndo acelerando e movimentando as turbinas do avião, fui ao encontro da minha pequena.
Uma observação importante pessoal: meu companheiro Vitor, permaneceu no Brasil durante todo o processo. Como não somos legalmente casados, decidimos pedir a adoção apenas em meu nome (mais um grande desafio). Mas esse HOMEM…teve seu papel, E QUE PAPEL! Imagine ele me ligando durante dois meses e meio e eu sempre cercada de crianças e pessoas. Quando eu estava sozinha era sempre chorando com medo do que poderia acontecer. Imagine ver sua companheira 5kg mais magra e toda desestruturada e NÃO PODER FAZER NADA.
Dessa vez, para não atrapalhar as rotinas da casa da Mamá Madalena (essa Mamá se preocupou tanto se eu estava bem hospedada na casa dela, que fiquei receosa em dar trabalho novamente), me hospedei na casa da amiga missionária Clemilda (todo meu amor pela Tia Clê). Clê, é brasileira, mineira igual a mim. Com uma fé inabalável, possui um importante papel na formação da fé e caráter de muitos jovens frequentadores da 1ª Igreja Batista de Nampula. Pedi hospedagem para a Clê por 15 dias e fiquei lá por 30. HAJA PACIÊNCIA, NÃO É TIA CLÊ?!?!

Eu e amiga brasileira Ruth em MOZ


Olguita na casa da tia Clê


Olguita e tia Clê dançando


Olga preparada para chegar no Brasil, mas ainda nem tínhamos a sentença


Olguita na casa da tia Clê


Eu e tia Clê (a única foto juntas)
Uma das coisas que aprendi com essa adoção foi: não chegue em lugar nenhum pensando que as pessoas trabalharão em suas causas como você trabalha. Não pense que o ritmo de trabalho de outro país é igual ao do seu país. Meu amigo Don, moçambicano apaixonado por sua terra, me disse uma vez que, no Brasil, as pessoas estão sempre com pressa e sempre atrasadas, trabalham demais e estão sempre ocupadas.
Como uma pessoa super ansiosa, passei por picos de estresse querendo que as pessoas envolvidas no processo trabalhassem como os brasileiros descritos por Don. “APRENDA LUCIANA…CADA PAÍS, CADA CULTURA…RESPEITE”. Mas acredito que tenha sido reflexo de uma grande ansiedade mesmo, porque a maior parte do tempo fiquei ESPERANDO. E não tinha nada que eu pudesse fazer, apenas esperar. Para uma pessoa que possui as rédeas da própria vida, esperar é algo angustiante mesmo.
Nossa equipe de advogados em MOZ é muito competente. Dra. Tenza, Dr. Plínio e Dr. Pereira. Quanta paciência comigo! Quanto profissionalismo!


Dra. Tenza e Dr. Plínio nas audiências


Mamá Ana Barreto nas audiências


Parte de nossa Família Moçambicana nas audiências


Nossa família em frente ao Tribunal de Meconta
Durante os 30 dias que passamos em Nampula e Meconta, andamos bem mais do que da outra vez que fui a MOZ. Visitamos o Campo dos Refugiados de Maratane por duas vezes e revimos amigos de Ruanda, Congo, Somália e Etiópia. Andamos pelas ruas a procura das mais belas capulanas (coisa fácil já que todas são lindas). Conhecemos o projeto de minha amiga Sany Cardoso (Aliança por Moçambique), para canalizar água em Maratane. Fomos em Meconta diversas vezes. Conhecemos o missionário mineiro Marco, um jovem de bom coração e muito companheiro, que nos salvou nos últimos trâmites para a Olga viajar para o Brasil falarei sobre ele na parte 2.


Bebê do amigo do nosso amigo Marco. Olga Adora criança


Transporte (Chapa) até Maratane


Campo dos Refugiados de Maratane


Grupo de música da Igreja
Como eu disse, ficamos em Nampula por 30 dias até a leitura da sentença final, mas quero detalhar esse dia com calma no próximo relato. Porque eu pensei que a leitura seria o fim da história e, na verdade, foi apenas o início.
CONTINUA…


Luciana de Paiva é formada em Engenharia Ambiental, Engenharia de Segurança do Trabalho, Especialista em Gestão da Qualidade. Apaixonada por ações sociais e empreendedorismo. Se tornou empresária em 2020 e logo iniciou os estudos na área.
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