“Ficamos em Nampula por 30 dias até a leitura da sentença final, mas quero detalhar esse dia com calma no próximo relato. Porque eu pensei que a leitura seria o fim da história e, na verdade, foi apenas o início.”
Foi assim que finalizei a última matéria (Parte 1) sobre minha terceira vez em Moçambique.
O dia 05 de Setembro de 2019 (trinta dias depois de minha chegada em Moçambique), foi o dia da leitura da sentença. Foi mágico e angustiante. Por mais que os advogados estivessem otimistas, eu sabia que existia uma chance de pedido indeferido.
Estavam presentes eu e Olga, Mana Natanha, um dos advogados Dr.Pereira, Anselmo (pai biológico), Mamá Ana Barreto (bisavó materna), Mamá Joana (avó materna), Mamá Amina (secretária do bairro) e Senhor Mariano (ex secretário do bairro).
Fizemos nossos registros fotográficos para guardar de lembrança e entramos no Tribunal.
Família a espera da leitura da sentença
Eu e Mana Nha
Mamá Joana e Olga
A Juíza começou com os cumprimentos e adiantou que todos os depoimentos foram colhidos nas audiências anteriores. Logo, já iniciou a leitura da sentença.
Meu coração palpitava e minha alma voltava lááááá em Outubro, quando conheci a pequena Olga.
E quando me dei conta…ouvi a seguinte frase:
“Nestes termos tudo ponderado em nome da República de Moçambique o Tribunal Judicial do Distrito de Meconta decide entregar a adopção plena e singular a requerente Luciana de Paiva Paula, com mais sinais de identificação nos autos da menor, Olga Anselmo…”
Olhei pra Olga chorando e ela não entendeu NADA, uma vez que ela quase não falava português. Mas minha emoção em conjunto com a da Juíza e o Procurador do Ministério Público comoveu todo o Tribunal.
ENFIM, a sentença foi favorável e ficamos extremamente felizes e Gratos.
Iniciamos os trâmites no cartório e começamos a seguir as orientações da nossa advogada Fernanda Callas, que estava no Brasil.
Nossa passagem para Maputo, capital moçambicana, estava comprada para dia 08 de Setembro e nosso tempo era curto para emitir o BI (identidade), Passaporte e Visto para a Olga viajar para o Brasil. Meus bilhetes foram comprados para o dia 23 de Setembro, ou seja, tínhamos apenas 17 dias para tratar tudo.
No sábado, dia 07, voltamos em Meconta para nos despedir da nossa família moçambicana. Eu sei que Mamá Ana Barreto estava sofrendo, mas essa Senhora não demonstrava qualquer sinal de fraqueza. Me lembro dela dizendo para Olga:
“Olga, não pode chorar no Brasil hein?” E a Olga morria de rir.
Ana Barreto lutou na guerra que libertou Moçambique da opressão colonial portuguesa. Logo em seguida, sofreu com a guerra civil que se alastrou no país matando milhares de civis e refugiou outros milhares. Meu maior respeito por essa mulher que criou Olga com tanto amor nos seus primeiros 5 anos de vida. Esperamos muito por esse reencontro! Estamos com saudades.
Mamá Ana Barreto e Senhor Jaime
Mamá Ana Barreto e Felizarda, prima de Olga
Anselmo, pai biológico de Olga
No dia 08 de Setembro, embarcamos para Maputo, na companhia do missionário Marco, nos conhecemos em Nampula e, se não fosse por ele, não teríamos hospedagem em Maputo.
Marco é um jovem com um enorme coração, missionário da Igreja Shekinah, uma pessoa que ama ajudar, escutar e foi um grande parceiro na última etapa do processo em Maputo. Temos muito respeito por ele.
Embarcando para Maputo
Primeira vez de Olga em um avião
Desembarcando em Maputo
Marco e os pequenos
Os pequenos assistidos pela Igreja
Os pequenos assistidos pela Igreja
É claro que vivemos muitas aventuras em Maputo…e devo, escrever outro relato para contar para vocês!
Por enquanto…continuem com a alegria de que a SENTENÇA final foi lida, Olga já era oficialmente minha filha pelas leis Moçambicanas e, a ida dela para Maputo, significaria um caminho sem volta.
Um forte abraço pessoal! Obrigada por estarem aqui!
Luciana de Paiva é formada em Engenharia Ambiental, Engenharia de Segurança do Trabalho, Especialista em Gestão da Qualidade. Apaixonada por ações sociais e empreendedorismo. Se tornou empresária em 2020 e logo iniciou os estudos na área.
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