Eu sempre fui apaixonada pelo continente africano! Durante toda minha vida eu me perguntei porque ardia em meu coração o desejo de conhecer esse pedaço do Planeta tão lindo e cheio de belezas naturais. Mas também me perguntei diversas vezes…porque o continente mais rico do mundo…é o mais pobre.
Em 2018 me programei para participar de uma expedição humanitária em Moçambique (escolhi esse país pensando na facilidade de comunicação uma vez que o idioma oficial é o português). Em Outubro embarquei, juntamente com 23 voluntários, no voo da South African Airways para a cidade de Nampula, Norte de Moçambique (Vitória/ES – Guarulhos/SP – Joanesburgo/JNB – Nampula/NPL).
Pensei em uma viagem em grupo porque seria minha primeira viagem internacional e eu estava insegura. Por causa da conexão em Joanesburgo, África do Sul, não me comunico bem em inglês. Além disso, mesmo que o idioma oficial de Moçambique seja o português, existem muitos dialetos por lá, como o macua, maconde, changana. O país tem oficialmente 20 línguas maternas e, grande parte da população residente nos distritos em que trabalhamos, não falava o português. Apenas 40% da população fala português.
Em Moçambique, “as principais fontes de receitas são provenientes da pesca (principalmente camarão), agricultura (cana-de-açúcar, algodão, mandioca, etc.), mineração (bauxita, ouro e pedras preciosas), extração de gás natural, exploração de madeira e do turismo. O setor industrial também é importante, atuando nos segmentos de bebidas e tabaco” (Wagner e Francisco). Apesar das riquíssimas fontes de recursos naturais, o país apresenta vários problemas socioeconômicos e continua sendo explorado por países desenvolvidos que usam as riquezas moçambicanas e dão a impressão a todo o mundo de que Moçambique é um país pobre e morimbundo e, de que só sobrevive pela misericórdia do ocidente (lamentável) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país é o quinto menor do mundo: 0,284. A expectativa de vida dos habitantes é de apenas 42,2 anos; o analfabetismo atinge mais de 55% da população; a taxa de mortalidade infantil é de 86 óbitos a cada mil nascidos vivos.

Foto: Carol Righetti
A cidade de Nampula, capital da província do mesmo nome, está localizada no interior da província, 2150 km a norte de Maputo, a capital de Moçambique. Honestamente, pensei que fosse chegar em um local tão quente…mas tão quente…que já previa uma desidratação. Porém, observei que o clima de Moçambique é muito parecido com o do Brasil. A Província é cercada por cajueiros e baobás e muito conhecida pelo artesanato em pau preto e pelas capulanas (tecidos moçambicanos 100% algodão que fazem parte da rica cultura moçambicana). Além da enorme beleza natural.


Baobá.
Foto: Arquivo Pessoal


Praia de Chocas.
Foto: Arquivo Pessoal


Praia de Chocas.
Foto: Arquivo Pessoal




No primeiro dia (19/10/2018) já senti uma hospitalidade muito agradável dos moçambicanos. Eles se sentem felizes com nossa presença, e fazem de tudo para que nossa experiência seja única e inesquecível. Eu os amo.


Meconta.
Foto: Arquivo Pessoal


Campo dos Refugiados de Maratane.
Foto: Arquivo Pessoal


Meconta.
Foto: Carol Righette


Namiconha.
Foto: Arquivo Pessoal


Meconta.
Foto: Arquivo Pessoal
Durante os 15 dias de expedição, os voluntários se dividiram entre diversas atividades: atendimento médico, odontológico, oficina de massagem, origami, estamparia manual, recreação com crianças, dentre outras. Mas para mim, o mais importante foram as conexões criadas entre eu e algumas pessoas desconhecidas que se tornaram família.


Eu e Mamá Madalena.
Foto: Carol Righette


Eu e Mana Natanha.
Foto: Arquivo Pessoal
Prolonguei minha estadia em Nampula por mais 10 dias após o fim da expedição a fim de realizar alguns trabalhos. O que foi ótimo, porque conheci um pouco mais da cultura, andei de chapa (transporte coletivo muito utilizado em Moçambique). Mas surpreendentemente, eu me apaixonei ainda mais pelo país em 2019, durante minhas idas para andamento do processo de adoção da Olga.
Essa matéria não tem como objetivo dicas de viagem por Moçambique, até porque, nas três vezes em que fui e nos quase 5 meses em que fiquei por lá, a expedição e o processo de adoção de Olga eram prioridades, mas sempre que possível, eu conseguia dar uma escapada para conhecer um pouco mais. Nas próximas idas, commmm certeza iremos passear bastante! Vale a pena conhecer esse país, se encantar, se apaixonar e amar…assim como eu amo.
Dicas rápidas:
- A Karibu (www.karibuconsultoria.com) é uma empresa de consultoria de viagens voluntárias, super confiável e com preços acessíveis. Com eles você pode viajar pelo mundo e incluir dias de trabalho voluntário em seu roteiro.
- Antes de visitar Moçambique, leia sobre a cultura e sobre a história da Luta Armada de Libertação Nacional, que resultou na independência de Moçambique em 1975. Conheci algumas pessoas que lutaram pela independência e são cheios de orgulho por fazerem parte da história do país;
- Não deixe de conhecer a Ilha de Moçambique e a Praia de Chocas, um roteiro de 3 dias é suficiente. A Ilha é carregada de história, pois foi usada como rota comercial e, infelizmente, era de lá que os moçambicanos eram transportados para uma exploração impiedosa chamada escravidão 🙁
- Conheça Maputo, capital de Moçambique, e suas ilhas próximas. Dance, cante e abrace as crianças!
Obs.: Todas as fotos em que os créditos são da maravilhosa Carol Righette foram registradas durante a expedição em que participamos. Carol possui uma sensibilidade surpreendente por trás da câmera e captou o momento em que pus os olhos na Olga pela primeira vez.


Luciana de Paiva é formada em Engenharia Ambiental, Engenharia de Segurança do Trabalho, Especialista em Gestão da Qualidade. Apaixonada por ações sociais e empreendedorismo. Se tornou empresária em 2020 e logo iniciou os estudos na área.
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